De agosto a setembro de 2022, no município, a expectativa era de 720 milímetros de precipitação. No entanto, choveu apenas 304 mm. Na tentativa de conter a situação, a prefeitura instalou e reformou mais de 400 microaçudes na cidade, além dos outros 12 feitos com recursos do governo do Estado, enviados em 2021.
Tupanciretã é o maior produtor de soja do Estado e os produtores já se preparam para replantagem. Dos 149 mil hectares, somente 80% foram plantados e estima-se que 10% destes precisarão ser replantados. Com o custo da semente alto, a disponibilidade baixa pela qualidade ruim da semente por causa da seca do ano passado, a situação é preocupante. Do retorno financeiro da colheita do ano passado, a expectativa era 9 milhões de sacas de soja, o que veio foi apenas 3 milhões:
– Temos cerca de 2 mil hectares de milho sequeiro, sendo 500 para produção de silagem. Desses 2 mil, acredito que já temos 70% de perda.
Em Santa Maria, 448 mil litros de água foram distribuídos em novembro
Ações de reabastecimento de água vêm sendo realizadas pela Defesa Civil nos momentos críticos de seca dos últimos três anos, com pouca precipitação de chuvas e desabastecimento de água. No total, foram destinados quase 9,5 milhões de litros de água para os moradores do interior de Santa Maria, sendo mais de 6,3 milhões apenas neste ano.
Em entrevista à Rádio CDN, o chefe de gabinete da prefeitura, Alexandre Lima, relatou que os distritos que mais sofreram com a falta de reservação de água foram São Valentim, Santa Flora e Boca do Monte. Já os meses com maiores ações foram janeiro de 2022, com 979 mil litros, e fevereiro, com 1,2 milhões de litros. Após o final do verão, agosto teve entrega de outros 280 mil litros de água, e em novembro, outros 448 mil litros.
Em alerta
Barragem do DNOS, no Campestre do Menino Deus, já está com nível abaixo da capacidade, alertou a prefeitura. Somente neste ano, cerca de 6,3 milhões de litros de água foram distribuídos. Foto: Nathália Schneider (Diário)
Números de boletins meteorológicos e de nível dos rios já apontam o início da estiagem. De acordo com Alexandre Lima, os níveis de água das barragens do DNOS e a Rodolfo da Costa e Silva, que abastecem a cidade, já estão abaixo do normal.
Dados do boletim meteorológico do grupo de análise da UFSM preveem chuvas com valores entre 100 mm e 200 mm menores que a média. Estes fatores afetam não só as safras, como a produção de leite e de hortifrúti. Para se antever às situações mais críticas, ainda nesta semana serão realizadas 10 vistorias em localidades de São Valentim, Pains, Boca do Monte, Arroio Grande e Santa Flora, para solucionar a falta de abastecimento.
– Nesse momento não temos motivos para alarde, mas com certeza são sinais que temos que acertar algumas ações e mudar um pouco da cultura que temos de reservação. Sabemos que vai ter estiagem em diferentes níveis quase todos os anos, é um fenômeno que vem acontecendo. Por isso, lançamos algumas alternativas para a resolução servir de maneira duradoura, como a construção de microaçudes e de bebedouros.
Um grupo de trabalho permanente voltado para medidas de preventivas, de monitoramento e redução dos danos estiagem foi formado desde o ano passado na cidade. Entre os membros, representantes da prefeitura, do núcleo de climatologia da UFSM, Emater, Corsan e Defesa Civil do Estado.
Litros de água abastecidos pela Defesa Civil em Santa Maria
2020: 1 milhão de litros
2021: 2,1 milhões de litros
2022 (até o momento): 6,3 milhões de litros
Níveis abaixo do normal
Barragem Rodolfo da Costa e Silva: 1,2 metro abaixo do nível
Barragem do DNOS: 1 metro abaixo do nível
*Colaborou Letícia Klusener